Quatro ângulos das muitas faces da cidade de Bangkok

Bangkok é um mundo em si mesma. Em primeiro lugar, ela é a capital e maior cidade da Tailândia. Com mais de 11 milhões de habitantes, é um hub no sudeste asiático que atrai expatriados de toda sorte. Turistas em férias, turistas a trabalho, pacientes em busca de tratamento médico, aposentados. Metrópole futurista misturada com casario antigo de arquitetura tradicional. Templos modernos de consumo convivendo com templos budistas de rua. Tráfego, tráfego, tráfego… Comida de rua que perfuma o ambiente e aguça o paladar. Mistura de culturas na vibrante Chinatow. Vida noturna animada – às vezes, além da conta. Seria preciso pelo menos uma semana para tentar fazer um pouquinho de tudo, mas… Nós só tinhamos três dias. Por isso, desta vez, vamos nos limitar a mostrar quatro ângulos das muitas faces da cidade de Bangkok.

Quatro ângulos das muitas faces da cidade de Bangkok

No curto tempo que tivemos, portanto, foi possível concentrar nossas descobertas em quatro frentes:

  • Passeios exploratórios livres pela cidade, incluindo os shoppings modernos;
  • Visita ao icônico Chatuchak Weekend Market;
  • Experiência gastronômica numa capital internacional que tem comida do mundo todo; e
  • Por fim, uma visita à vibrante Chinatown.

Para facilitar a leitura, vou dividir os relatos em quatro posts. Iniciando, portanto, pelos passeios livres pela cidade.

Fronteira entre Camboja e Tailândia

Depois de tanta imersão nas florestas dos elefantes e nos templos antigos do Império Khmer, os meninos estavam sobretudo ávidos por um pouco de modernidade. A passagem na fronteira entre Camboja e Tailândia, porém, não era exatamente um exemplo de modernidade.

O posto de fronteira entre Poipet, no Camboja, e Aranyaprathet, na Tailândia: exemplo da arquitetura típica tradicional tailandesa. Foto: Priscila Ramalho/DESNORTEANDO

Atravessar a fronteira é relativamente simples para pedestres. O mesmo não se pode dizer, porém, de veículos. Por isso, as empresas de transporte que operam essa rota costumam trabalhar com dois ônibus ou vans.

Um transporta os passageiros até o check point – ou vindo da Tailândia, ou do Camboja. Assim, os passageiros desembarcam, fazem a imigração, e embarcam em outro veículo do outro lado. O preço da passagem inclui o serviço do guia que orienta os viajantes nos postos de controle e o carregador que leva as malas de um veículo para outro.

Uma vila de pescadores

Antes de seguirmos na viagem, rápida pausa para um pouco de história. (Eu não resisto).

A história de Bangkok está intimamente ligada ao rio Chao Phraya, nas margens do qual ela se situa. Antes de se tornar um dos maiores hubs financeiros e industrais da Ásia, ela era uma pacata vila de pescadores chamada Ban Kok, que significa Aldeia das oliveiras.

A história do povoado começou a mudar sobretudo a partir de 1782, quando rei Rama I decidiu transformá-la em capital do reino. A antiga capital, Ayutthaya, havia sido destruída pelos birmaneses.

Para homenagear a capital anterior, Bangkok foi dotada de um sistema de canais. Embora tenham sidos reduzidos ao longo das décadas para a ampliação da malha viária, os canais existem até hoje.

A Tailândia nunca foi oficialmente colonizada por invasores europeus, o que é motivo de grande orgulho para os tailandeses. Grandes aportes de investimentos ocidentais nos séculos 19 e 20 ajudaram a transformar a cidade na potência econômica que é hoje.

O rio Chao Phraya foi decisivo para a escolha de Bangkok como nova capital. Foto: Ferdinando Casagrande/DESNORTEANDO

Tráfego intenso, de carros e pessoas

A parada seguinte, finalmente, foi em Bangkok. E a imersão na Ásia urbana começou já na descida da van, que nos deixou no centro de um vibrante mercado de rua.

Em outros continentes por onde viajei, mercados de rua e estações de ônibus eram quase sempre imãs para pequenos gatunos. Nos países do Sueste Asiático, porém, essa regra não se aplicou a nenhuma das grandes cidades onde chegamos.

Em Bangkok, saímos os quatro andando tranquilamente com nossas mochilas e puxando uma malinha de mão, sem que ninguém nos incomodasse. Fomos a pé até o hotel, que era próximo.

Com o check in feito e devidamente refrescados, saímos para o primeiro mergulho na modernidade. Com todas as belezas, comodidades e também os problemas que costumam se repetir nas grandes metrópoles.

As amplas avenidas são movimentadíssimas. No final de tarde, os congestionamentos são inevitáveis. Especialmente se uma chuva repentina – tão típica nesta região do mundo na época das monções – desabar sobre a cidade.

Além dos carros, muita gente caminha para todos os lados e, nesse ponto, a cidade mostra algum planejamento. Amplas passarelas suspensas são erguidas sobre as avenidas interligando os edifícios de escritórios e shopping centers.

Em alguns trechos, você pode circular por longas distâncias e embarcar em trens de superfície sem precisar descer para as calçadas.

Centros de compras com preços baratos

Uma das peculiaridades que tornam Bangkok tão atraente para expatriados em toda a região é a facilidade para compras. E os preços mais acessíveis.

Os shopping centers não ficam devendo nada para os grandes centros de compras ocidentais. E os preços são melhores do que em capitais europeias. Computadores e telefones da Apple, por exemplo, custam quase o mesmo que nos Estados Unidos.

Tradição e modernidade nas ruas

Os arranha-céus são imensos; os hospitais estão entre os melhores da região; os shopings são modernos, com preços convidativos. E bem ali ao lado deles, um traço marcante da tradição não perde espaço.

Dezenas de pessoas se reuniam na calçada para orar nos pequenos templos edificados bem ao lado Central World, o nono maior complexo comercial do mundo.

A Tailândia é um país majoritariamente budista e os templos estão por toda a parte. Em frente ao Central World, barraquinhas vendem flores e incensos. Os fiéis param, compram as oferendas e oram ali mesmo, no meio da avenida movimentada.

Outra representação marcante dessa mistura entre tradição e modernidade são as construções antigas, em estilo arquitetônico típico, que ainda resistem à verticalização acentuada da capital.

Tuk-tuks e trens

Como em qualquer grande metrópole, tudo é superlativo em Bangkok. Gente demais, carros demais, congestionamentos… Mas você não precisa sofrer no trânsito porque a cidade conta com dois sistemas de trens bem estruturados.

O BTS Skytrain é um sistema de trens aéreos com duas linhas: Sukhumvit (verde clara no mapa) e Silom (verde escura). As duas se interconectam na estação Siam, a maior do sistema. Os trens rodam entre 5h30 da manhã e meia-noite. As tarifas variam de acordo com o trecho, entre 17 e 62 bath – o equivalente a USD 0.50 e USD 1.70.

O Metropolitan Rail Transit é o metrô subterrâneo e também conta com duas linhas: Azul e Roxa. As linhas se interconectam na estação Tao Poon. Os preços também variam de acordo com o trecho percorrido, entre 14 e 42 bath, mas se você for trocar de linha, o preço sobe.

Em nossa curta passagem por Bangkok, nós usamos apenas o BTS.

Além dos trens, a cidade conta com muitos táxis e tuk-tuks coloridos, táxis fluviais e ônibus – muitos deles bastante velhos e decadentes – que circulam pela cidade.

Tirando os barcos, os transportes que usam as avenidas costumam ficar parados no trânsito. Você também pode chamar transporte por aplicativo. O Grab funciona bem em toda a cidade, mas tem o mesmo problema do tráfego.

Planeje a sua viagem

  • Turistas com passaporte brasileiro e europeu não precisam de visto para entrar na Tailândia.
  • É recomendável aos brasileiros, porém, carregar o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP) para Febre Amarela. É possível emiti-lo digitalmente. Mais informações aqui.
  • Os bilhetes para o BTS podem ser comprados em máquinas nas estações, ou nas cabines. As máquinas só aceitam moedas.
  • Não há controle de bilhetes no interior dos trens, mas você precisa colocá-los na catraca para sair.
  • Se você passar mais de duas horas no interior do sistema, não consegue sair na catraca. Um funcionário terá de liberá-lo, depois do pagamento da tarifa completa.
  • As catracas do MRT aceitam cartões de crédito e débito por aproximação. Você precisa encostar o cartão no local indicado para entrar e para sair.
  • Os barcos-táxis são baratos, mas o embarque e desembarque é meio caótico e o sistema de bandeiras coloridas é um pouco confuso. É possível aprender sobre eles no site da Chao Phraya Express Boat.
  • Em Bangkok, o período das monções vai de maio a outubro. É uma informação importante, porque as chuvas são torrenciais e pioram ainda mais o trânsito.

Comments

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *