Muitos amigos e amigas, ao saberem que eu havia me mudado para Bali, exclaram: “Nossa, Ferdi, que paraíso!”.
Bali tem mesmo essa fama de paraíso na Terra desde os tempos dos primeiros turistas que começaram a aparecer por aqui no final dos anos 1960. Naquela época, a ilha tinha menos de 2 milhões de habitantes, trânsito leve formado por algumas motocas velhinhas e caminhões e ônibus que se contavam nos dedos das mãos. Poucos também eram os estrangeiros que visitavam a ilha. Os voos internacionais, quando chegavam, eram um evento.
Hoje, com 4,4 milhões de habitantes fixos e recordes de turistas a cada ano – em 2024, de janeiro a julho, passaram por aqui 3,5 milhões de visitantes –, o paraíso está, digamos assim, um tanto bombadão.
Ainda é possível, porém, ter um gostinho da Bali antiga em alguns destinos.
Um deles é Nusa Lembongan, com suas ruas estreitas, tráfego menor – praticamente só scooters e as caminhotes convertidas em microonibus – e cafés e restaurantes relaxados para todos os gostos e bolsos. De warungs locais que servem peixe fresco grelhado na churraqueira a refinados restaurantes internacionais.
O ambiente, como um todo, lembra uma vila de praia. Talvez não por muito tempo. Novos hotéis de porte médio para grande estão em construção na ilha.
Ilha vizinha
Nusa quer dizer ilha em Bahasa. Lembongan, portanto, é uma ilha fora de Bali. Mas é bem próxima. Tem gente que toma o barco cedinho de manhã, passa o dia, e volta no fim da tarde.
Nós aproveitamos um fim de semana estendido pelo feriado muçulmano de Maulid Nabi Muhammad (nascimento do profeta Maomé), em 16 de setembro. Ficamos três dias. por lá. Neste post, vou compartilhar fotos e dar dicas práticas de um passeio em Nusa Lembongan.
Antes de prosseguir, confira nosso vídeo curto com 5 motivos para visitar Nusa Lembongan:
Primeiro dia em Nusa Lembongan: alvorada e crepúsculo no mar
A viagem começa com uma travessia de barco que parte do terminal de ferry de Sanur. Nós optamos por dormir numa pousada bem próxima, para fugir do estresse do trânsito logo cedo. Foi ótima ideia. Pudemos iniciar o dia assistindo o sol nascer no mar. Na galeria abaixo, uma pequena amostra do primeiro dia da viagem.
Dicas práticas
- Várias companhias fazem a travessia de barco para Nusa Lembongan e os preços variam de acordo com a data da viagem e a velocidade do barco.
- As passagens são mais baratas se compradas com maior antecedência.
- Escolha a travessia num barco rápido, mesmo que seja um pouco mais caro. A embarcação rápida balança menos e em cerca de 40 minutos você estará na ilha.
- Use bermudas ou shorts, e sandálias ou calçados fáceis de tirar. O desembarque na praia de Mushroom é feito com pé na água.
- Pesquise os preços para a travessia no link do porto de Sanur.
Segundo dia: snorkeling e arraia gigante
Uma das principais razões para visitar a ilha de Lembongan é mergulhar e fazer snorkeling para ver a manta, a arraia gigante. Se você não é mergulhador, não se preocupe. As mantas são tão numerosas por aqui que você tem grandes chances de vê-la apenas fazendo snorkel.
Aconteceu comigo. Infelizmente, eu não tinha uma câmera para registrar o momento, então só me resta narrá-lo:
O mar estava bastante mexido e nós estávamos na água, próximos a um paredão de rochedos de Nusa Penida, a ilha vizinha. Por medida de segurança, Sadya, nosso barqueiro, pediu que vestíssemos coletes salva-vidas. Vários outros barcos chacoalhavam ao redor, dezenas de turistas ondulavam com seus coletes e snorkels coloridos. Eu estava com a cabeça fora da água quando Caio enviou o aviso: “Vejam, a manta!” Mergulhei a cabeça e então aconteceu. Não fui eu a ver a manta, foi ela a se exibir para mim. Nadando candidamente, como se deslizasse sorrateira, a arraia gigante passou sob o meu corpo. Enorme, cobrindo todo o fundo do mar debaixo de nós. Eu fiquei paralisado, como que hipnotizado por aquela imagem tão poderosa e ao mesmo tempo tão pacífica.
Dicas práticas
- O barqueiro faz toda diferença na experiência do snorkel. Tente seguir indicações de viajantes que fizeram o passeio e gostaram do guia.
- Combine o que você quer ter a bordo. Em geral, o preço cobrado paga apenas o transporte, sem bebidas nem comida.
- Nosso barqueiro cobrou 250 mil rúpias indonésias por pessoa – cerca de R$ 90 ao câmbio da época do passeio. Vale cada centavo.
- Nosso barqueiro se chamava Sadya Jerry. Trabalhou em cruzeiros da MSC e fala inglês. Consulte o perfil dele no Instagram.
- O Devil’s Tear cobra entrada de 25 mil rúpias (cerca de R$ 9 ao câmbio da época) por visitante. Pagamento apenas em dinheiro.
- No Sunset Point, você não paga para entrar e aprecia o por do sol da mesma forma. Mas não tem o spray do mar na rocha.
Terceiro dia: chuva e passeio com gostinho da Bali de antigamente
A ideia era seguir de carro para a área de mangue, no lado norte da ilha. A chuva, porém, frustou nossos planos. Acabamos fazendo uma caminhada pelas ruas da vila até Dream Beach e, depois, até a Yellow Beach, que liga Lembongan à pequena ilha vizinha de Nusa Ceningan.
No caminho, passamos por uma fazenda de algas marinhas e almoçamos no restaurante italiano El Ponte. Boa comida, mas os preços são mais salgados do que o queijo parmesão.
Aliás, essa é uma tendência: por usar ingredientes importados e raros, que não fazem parte da cultura alimentar dos balineses – como azeite de oliva, queijos, presunto cru, entre outros –, os restaurantes italianos estão entre os mais caros, não só em Lembongan, mas também em Bali. Uma boa opção são os warungs locais como o Soca, que servem boa comida a preços mais compatíveis com o poder aquisitivo local.
O sol saiu ao longo dia, mas nossa viagem já estava no final. De volta à baía de Mushroom, embarcamos na lancha rápida que nos levou para Bali.
Dicas práticas
- É possível alugar scooters para passear pela ilha ao preço de 80 mil rúpias por dia (cerca de R$ 30 reais ao câmbio da época). Inclui dois capacetes e tanque cheio.
- O preço do “táxi” na carroceria de camionetes começa a partir de 100 mil rúpias e levam até 8 pessoas (cerca de R$ 35 ao câmbio da época). A distância influencia o valor, mas o preço é combinado antecipadamente.
- É importante ter dinheiro vivo. Alguns warungs, os passeios de barco e as corridas de táxi só podem ser pagos em dinheiro.
- A ilha tem caixas eletrônicos para realizar saques no cartão.
Comments
2 respostas para “Nusa Lembongan: gostinho da Bali de antigamente”
[…] – Nusa Lembongan: gostinho da Bali de antigamente […]
[…] a internet do Jaya, quase em frente ao campo de grama escassa, enquanto tomava um café e redigia o post sobre Lembongan. De repente, comecei a ouvir uma batucada […]